Friday, December 31, 2004

O Estado 2004/2005

Vou fechar para balanço. Reabro nos próximos dias para apresentação do Relatório & Contas.

Amanhã este blog completa um ano de existência formal e contabilizada, tendo atingido quase as 1000 visitas. Primeiro desejo de 2005: que consiga atingir a apoteótica milena!

Desejo também que 2005 seja uma boa colheita do Dão, Douro, Bairrada, Sado e Alentejo. Desejo que em 2005 haja apenas um Governo que não seja tão mau os de 2004. Desejo que o FCP seja novamente campeão. Desejo que o Dias da Cunha continue a dar-lhe forte nos ansiolíticos.

(Os desejos estão ordenados por ordem crescente em factor de probabilidade)

Boas entradas, em harmonia com o que a Mãe Natureza tem para nos oferecer. Sem medo. De pés juntos.

Wednesday, December 29, 2004

O Estado do(s) Metro(s)

O Metro de Lisboa celebra hoje 45 anos de existência. As obras do Metro do Porto também.

Thursday, December 23, 2004

O Estado das Boas Festas

Interregno bloguista (não confundir com bloquista) para as rabanadas e o bacalhau.

Adoro a época festiva. Mais do que eu, só os CTT: todo o mundo se escreve. Na minha caixa de correio, até um postal da PSP tenho para ir levantar amanhã. Nesta quadra, só pode ser uma prenda.

Saturday, December 18, 2004

O Estado do Balanço

Estive praticamente um mês ausente. Nem uma única reclamação, um único apelo. Nem um fiel leitor. Nem a porra de um Comment! Estou com um evidente problema de marketing, só não sei se pela qualidade do produto ou pelo poder de divulgação. Qualquer dia deixo de escrever, e coloco o anúncio de «Trespassa-se».

Para além disso, atravesso uma fase de bonança na minha vida, uma fase de conformismo, um «Tá-se bem» quase permanente. Acho que é preguiça mental. E para escrever num blog acredito que é preciso estar de mal com a vida e ter vontade de dizer mal de tudo e todos.
E nem sequer faltava inspiração com os resultados de futebol ou a queda do Governo (estava a ver que não, Sampaio).

Prova da minha conversão é o facto de ainda não ter tido uma das minhas visões natalícias. Em que o trenó do Pai Natal fica sem combustível, começa a perder altitude e as lâminas do trenó, os galhos das renas, o cú do Pai Natal e os ferros de engomar das donas de casa, vêm cair em cima do alvo da minha ira, atingindo em cheio o seu crânio.
Eu não desejo a morte a ninguém, mas às vezes desejo a invalidez permanente.

Friday, December 17, 2004

O Estado da Casa do Gaiato

A propósito do resultado da auditoria do Instituto de Fiscalização da Segurança Social.

Tendo ficado orfão aos 4 anos, 0 mei pai foi criado na Obra do Padre Américo de Paço de Sousa até aos 17 anos, altura em que se fez sozinho à vida. Outros 17 anos depois, tinha eu 7 anos de idade passei «emprestado a part-time» 4 anos na Casa do Gaiato do Porto. Por especial pedido dos meus pais, que necessitavam ambos trabalhar, ia à escola de manhã, passava lá as tardes e, por vezes, à noite ia dormir a casa. Outras vezes, ia por gosto passar umas semanas a Paço de Sousa, onde estavam parte dos meus amigos, que só vinham ao Porto quinzenalmente vender os jornais. E lá tinha piscina e campo de futebol. Chamavam-me "neto" do Gaiato.
Nunca fui sexualmente abusado, nunca fui maltratado, nunca assisti a este tipo de comportamentos para com outros miúdos, esses sim, «efectivos» da casa.
Primeiro, é preciso salientar que os miúdos gaiatos não são meninos de côro, mas sim rapazes resgatados das ruas ou de lares muito problemáticos socialmente.
A educação é dura, os castigos existem. O meu pai disse-me que nunca foi castigado sem que não o tivesse merecido. E chegou a passar 52 tardes de Domingo (1 ano) sentado no cruzeiro da praça enquanto todos brincavam na sua folga. Só não contou o crime, diabo... Também de quando em vez choviam umas palmadas. Quando assim o era, a situação exigia. Nunca senti medo nem opressão, antes respeito e admiração.
Sou ateu por conformismo, e assim sinto-me à vontade para falar na nobreza daqueles padres educadores. Ia à missa, por educação que recebia. Talvez choque alguns falsos moralistas que as crianças sejam desde tenras a cumprir tarefas e a ter uma missão, um trabalho além da escola. Ou a lavar louça, ou a descascar batatas, ou na horta, ou na vacaria, ou nas limpezas da Casa. «Pelos rapazes, por os rapazes, para os rapazes». É uma Casa auto-sustentável. De portas abertas, dia e noite. A Casa do Gaiato transforma putos insurrectos em homens sérios.
Gostava que os senhores da Segurança Social olhassem para o que se passa nas suas próprias casas. Exemplifico com a Casa Pia. Gostava que existisse uma contabilidade do número de ex-casapianos e do número de ex-gaiatos nas prisões portuguesas.
E tudo começa nos seus educadores pouco preocupados com a fútil imagem política. É preciso coragem para assumir esta declaração: «Obviamente que numa Casa só de rapazes em crescimento, existe sempre algum caso em que alguém mais velho abusa de alguém mais novo. Nós existimos também para o não permitir.» Digo mais, o mais importante é que quando acontece não é do conhecimento nem comparticipado pelos tutores.