Friday, January 23, 2004

O Estado do Aborto

Ao ler esta tão bela e profunda reflexão bloguística acerca do aborto, finalizada com um argumento de peso, venho por este meio manisfestar o meu apoio à causa.
Digo mais: defendo a legalização do aborto até aos 18 anos de tempo do feto, bem como a opção paternal pela escravatura até à mesma idade. A classe adolescente actual merece toda a nossa reflexão.

Monday, January 19, 2004

O Estado da Crença na Classe Política

Acredito que metade dos problemas do povo e dois terços da histeria colectiva vivida no Parlamento se dissipariam, caso a classe política assumisse frontalmente a sua homossexualidade. Repressão é neurose.

Friday, January 16, 2004

O Estado do Horário Metabólico

De modo a iniciarmos a retoma económica do país, diz o bom-senso que devemos começar a funcionar intelectualmente a partir das 10.
Já aderi ao movimento: umas vezes às 10 para o meio-dia, outras às 10 para a uma.

O Estado Familiar e a globalização cosmética

Ontem ao entrar em casa dos progenitores, sentia-se um cheiro aperfumado intenso. O meu pai tinha desfeito a barba e afirmava ser o odor do seu after-shave. Averiguei. Encontrei uma lata marca Gillette.... um spray?? Meu rico pai, alguma vez na vida viste um after-shave em forma de spray? Como se espalha isto no trombil?
Uma leitura mais atenta, alertou para o facto de o after-shave utilizado pelo meu pai nas últimas semanas, ser na realidade um desodorizante foleiro...

Com estes exemplos, não percebo porque ficam ofendidos quando lhes digo que fui certamente trocado na maternidade. Obviamente, tenho demasiada classe para pertencer aquela família. E o defeito não é meu.

O Estado do meu Bipolarismo Político

Como se classifica politicamente um tipo que descredibiliza, quase abomina, os valores Deus, Pátria e Família, e que cada vez menos confia nas opiniões democráticas das massas?
Será comunista? Ai que não pode ser....

Thursday, January 08, 2004

O Estado da Reforma na Gestão de Recursos Humanos da Administração Pública

No passado mais ou menos recente, tenho assistido com um misto de gozo e preocupação às constantes bacoradas levadas a cabo pelo nosso Executivo, nomeadamente na figura da Ministra das Finanças, Nela Leite. Ora é o IVA que aumenta com o objectivo de aumentar as receitas do Estado quando o efeito saíu contrário e assistiu-se à diminuição das relações comerciais, ora é o leilão de terrenos em hasta pública que ia gerar 20 milhões de euros, quando apenas resultou em 2 milhões (porcaria da calculadora da Ministro, que a tecla do Zero está sempre a encravar!). Entre muitos outros exemplos.

Até aqui a minha ignorância pelos assuntos apenas me permitia assistir numa perspectiva passiva. Apesar de a própria ministra não o fazer.

Acontece que ontem vi a Nela no Telejornal a falar na reforma da administração pública, através de mudanças nas Políticas de Recursos Humanos. Então pensei: «Alto caralho, que isto já percebo alguma coisinha! Vamos lá ver o que este supra-sumo da sabedoria, apesar de feia como a merda, opina da minha área profissional!». Falou nos contratos individuais de trabalho e num novo sistema de avaliação de desempenho. (Pequeno aparte: Pessoalmente não acredito. A Administração Pública não tem cultura empresarial moderna e, pior ainda, não tem gente competente capaz de sensibilizar as massas de subordinados, passo inicial e essencial para o sucesso deste sistema. Se assim não for, mais vale encostar para trás e não fazer porcaria nenhuma. Antes não motivar do que contribuir ainda mais para a desmotivação).

Foi então que daquela boca não-adjectivável, saíu tão bela reflexão. E passo a citar: «Necessitamos de um sistema que promova a eficiência (pausa política teatral, é lindo o dom da oratória) necessitamos de uma cultura de resultados».
As minhas ténues dúvidas acerca da sua capacidade intelectual dissiparam-se: alguém é capaz de explicar a essa besta que a eficiência coloca o ênfase nos meios e o que ela queria realmente dizer com cultura de resultados era eficácia? Ou então, quando não se sabe, e para protecção própria, diz-se efectividade que acaba por ser um mix das duas? Que resultados se esperam de tão bela iniciativa de gestão quando os seus pensadores não sabem o que querem ou de que falam? Mudei de canal.

Wednesday, January 07, 2004

O Estado da Introspecção do Autor

A fase é grave. Tenho consciência que ninguém reparou mas há bastantes dias que não faço um post, porque a imaginação varreu-se-me com a passagem do ano, provavelmente reflexos e/ou castigo divino pelo facto de, inconcebivelmente, não ter apanhado uma bebedeira descomunal, porque a tradição ainda devia ser o que era. E os neurónios habituam-se à pancada.
Apenas após jantar, quando fumo o Paiva da praxe, sou invadido por pensamentos e ideias dignos de registo, estruturados, complexos e de muito non-sense e bom gosto, sentindo-me preenchido pelo patrocínio norte africano, verdadeiro catalisador espiritual. Melhor, só o personagem da Voxx.
Manhã seguinte. Necessidade fisiológica, água, cigarro, duche, café, cigarro, trânsito, cigarro, trânsito, cigarro, emprego. Tenho um vácuo no cérebro, ganda corrente de ar... preguiça mental pura e dura. Não me lembro sequer do que jantei, sempre é verdade o que diziam, porra!

É aqui que as primeiras sinapses dão sinal de vida e me apercebo que vivo, historicamente, a maior das minhas questões existenciais: devo pedir um tempo ao shito após 3285 dias de relação íntima, ou pelo contrário, tenho mais é de dar forte na mortalha para espantar os maus espíritos? Isto só pode ser crise de meia-idade...

No entanto, existe uma lufada de ar fresco na minha patologia: por comparação, sou sem dúvida um must, uma obra-prima de inteligência lógica, analítica e emocional. O método de aferição é pacífico: basta observar. Quem nunca pensou «Deus me livre, que totinho de merda, muito burro é este Zé» ou «Este artista pensa que é mais fino do que eu e me come a cabeça, deixa estar que já o fodo...»? Se calhar, bastante gente, incluindo os meus modelos. Eu penso todos os dias. É certo que estou em Portugal, não acrescenta valor à minha grandeza, não credibiliza a minha superioridade, mas dá-me uma certeza: sofro o pior dos exílios, sou um estrangeiro em terra própria.

Só não sou modesto. Não é fácil.