O Estado da Reforma na Gestão de Recursos Humanos da Administração Pública
No passado mais ou menos recente, tenho assistido com um misto de gozo e preocupação às constantes bacoradas levadas a cabo pelo nosso Executivo, nomeadamente na figura da Ministra das Finanças, Nela Leite. Ora é o IVA que aumenta com o objectivo de aumentar as receitas do Estado quando o efeito saíu contrário e assistiu-se à diminuição das relações comerciais, ora é o leilão de terrenos em hasta pública que ia gerar 20 milhões de euros, quando apenas resultou em 2 milhões (porcaria da calculadora da Ministro, que a tecla do Zero está sempre a encravar!). Entre muitos outros exemplos.
Até aqui a minha ignorância pelos assuntos apenas me permitia assistir numa perspectiva passiva. Apesar de a própria ministra não o fazer.
Acontece que ontem vi a Nela no Telejornal a falar na reforma da administração pública, através de mudanças nas Políticas de Recursos Humanos. Então pensei: «Alto caralho, que isto já percebo alguma coisinha! Vamos lá ver o que este supra-sumo da sabedoria, apesar de feia como a merda, opina da minha área profissional!». Falou nos contratos individuais de trabalho e num novo sistema de avaliação de desempenho. (Pequeno aparte: Pessoalmente não acredito. A Administração Pública não tem cultura empresarial moderna e, pior ainda, não tem gente competente capaz de sensibilizar as massas de subordinados, passo inicial e essencial para o sucesso deste sistema. Se assim não for, mais vale encostar para trás e não fazer porcaria nenhuma. Antes não motivar do que contribuir ainda mais para a desmotivação).
Foi então que daquela boca não-adjectivável, saíu tão bela reflexão. E passo a citar: «Necessitamos de um sistema que promova a eficiência (pausa política teatral, é lindo o dom da oratória) necessitamos de uma cultura de resultados».
As minhas ténues dúvidas acerca da sua capacidade intelectual dissiparam-se: alguém é capaz de explicar a essa besta que a eficiência coloca o ênfase nos meios e o que ela queria realmente dizer com cultura de resultados era eficácia? Ou então, quando não se sabe, e para protecção própria, diz-se efectividade que acaba por ser um mix das duas? Que resultados se esperam de tão bela iniciativa de gestão quando os seus pensadores não sabem o que querem ou de que falam? Mudei de canal.
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