Uma palavra para os atletas portugueses nos Jogos Olímpicos
Pensei um pouco antes de manifestar a minha opinião face ao tema. Pensei se não seria apenas a minha tendência natural em ser do contra. Independentemente disso.
Temos assistido à crucificação pública dos atletas pela «vergonhosa» (como lhe chamam)prestação em Pequim. Esta coisa de que quando as coisas correm bem NÓS SOMOS os maiores, mas quando corre mal ELES SÃO umas bestas é muito portuguesa. Como também é muito portuguesa a inveja. Ainda que os Jogos Olímpicos sejam um acontecimento demasiado politizado, o argumento de que «eles representam a bandeira» já enoja um bocadinho. Representam um ova. Representam-se a eles mesmos e quando perdem, ninguém sente maior decepção que o próprio. Os outros, que assistem no sofá, que choram e dramatizam a sua frustração, com sentido de posse, se quiserem fazer valer o seu patriotismo, que levantem o cú e façam alguma coisa pela bandeira.
«Ai que eles andam lá com o dinheiro dos nossos impostos». Só lá estão porque, em toda a carreira em geral e nos últimos 4 anos em específico, foram melhores, mais esforçados, mais dedicados do que qualquer um dos críticos. Senão seriam estes que lá estariam.
Quantos destes cumprem sempre os seus objectivos profissionais? Quantos destes nunca falham nas suas vidas anónimas? E os que até fogem patrioticamente ao Fisco, e vangloriam-se disso?
Para os atletas olímpicos, os holofotes das câmaras deverão implicar uma responsabilidade acrescida ao ponto de não permitir falhar? E, quando um infeliz sem qualquer competência para falar em público, que ganha a vida honestamente a atirar com pesos, tem uma declaração infantil num momento de agitação emocional, isso dá-nos o direito a humilhá-lo num programa de televisão e, aposto, acabar-lhe com a carreira?
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