Quando a violência vai à escola
Assisto na RTP à reportagem e consequente debate. Primeira observação: ainda que os lobbies e influências obriguem a nomear para secretário de Estado da Educação um homem intelectualmente incapaz e com graves problemas de comunicação, deviam proibi-lo de aparecer na televisão. Uma questão de imagem.
Aparte o pormenor, e focalizando no tema, devo dizer que, se há coisa que me custa, é admitir que tenho uma ou outra ideia mais conservadora. E neste domínio tenho.
A função da escola não é educar, mas sim ensinar. Educar é uma função dos pais, que admito terem cada vez menos tempo para as crianças, derivado da sociedade e mercado de trabalho cada vez mais exigente. Aliado a isto, surge a moda dos direitos humanos e das crianças, proibindo qualquer castigo físico por parte dos progenitores, caso contrário os petizes ficam traumatizados. O resultado são crianças cada vez mais mimadas, egoístas e malcriadas.
Ok, há alguns traumatizados entre nós, adultos. Mas a maioria de nós, safa-se e é feliz, não? No meu tempo (isto do meu tempo é um indicador claro do meu prazo de validade expirado...), no meu tempo existia respeito. Pelos pais, pelos professores, pelos mais velhos.
Ora se essa punição física, gerida pelo bom senso (o tal ingrediente em extinção e que já ninguém confia), é proibida aos pais, quanto mais aos professores! É crime. Já não é crime quando o professor é o agredido. Abre-se um inquérito que se arrasta por meses, até que o aluno se transfere para outra escola para continuar a espalhar o terror, com a anuência dos pais. Como se consegue assim o respeito pelos professores? No meu tempo (mais uma vez), ou se atinava ou elas bufavam. Um puxão de orelhas, uma reguada, uma bofetada. Sem espinhas e, no meu caso, sempre com justiça, reconheço hoje. E ficava com elas, porque se me queixasse à minha mãe, tinha direito a nova e quente dose. Isto não é abuso, repressão ou maus-tratos. É educação, orientação e conhecimento dos limites.
Isto faz-me lembrar a liderança situacional no contexto empresarial. Tudo muito bonito quando a equipa é cooperante, cumpre os objectivos e podemos ser liberais e consultivos. Quando se esticam, o estilo muda e um líder tem de saber ser cabrão. Tal e qual.
A cereja no topo do bolo foi a discussão acerca da possibilidade de os pais passarem a avaliar os professores, na componente relacional com os seus filhos. Os mesmo pais que falei acima, aqueles que não vão às reuniões e não conhecem os professores.
A ponderação da avaliação ainda não está definida, mas começo a prever uma inversão dos acontecimentos: serão os professores agora a oferecer uns presuntos aos pais.
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