Contradição

Liberal, tendencialmente de esquerda. Ainda assim, mais convicto fico, a cada dia que passa, que a legislação laboral portuguesa é demasiado proteccionista do trabalhador, quando contextualizada na nossa cultura. Curioso, é que também a nossa cultura assim o obriga.

Eu explico: se não fosse tão proteccionista, ia ser o bom e o bonito com os mafiosos dos nossos empresários a pôr e dispôr de mão-de-obra barata com uma facilidade ainda maior que a actual. Motivação, rentabilização, desenvolvimento e retenção do capital humano é tanga. É o chamado cepticismo empresarial: se contabilisticamente, a relação custo / proveito não for provada em balancete mensal, esqueçam.

Contudo, do outro lado da barricada temos os sindicatos e o espírito sindicalista, com uma moral duvidosa. É que o povo português, regra geral, quando conquista uma relevante antiguidade e seguro vínculo numa organização, passa a acreditar ter direito a uma pensão mensal garantida apenas porque dá o prazer aos demais de aparecer pelo local de trabalho de corpo mais ou menos presente. Absentismo presencial: se produz, se rentabiliza, se pensa, se se esforça, se se preocupa, isso é secundário quando não irrelevante. Isso é problema exclusivo do patrão.