O Estado do Berço da Nação
Bracarense de nascimento, longínquas são já as minhas memórias do clássico Guimarães - Braga em futebol em que elas bufavam como deve ser. O pulsar do povo do Baixo Minho no seu auge, pancadinha de criar bicho. Já na época, as senhoras pensionistas lançavam os seus vasos florais decorativos, da varanda do 1º andar, em direcção do povo visitante à cidade berço. Quem corria e fugia desalmadamente pelas ruas abaixo da zona histórica, era subitamente sugado para o hall de entrada de uma qualquer moradia germinada, provando logo ali no conforto do lar a hospitalidade vimaranense, ministrada com gosto por toda a família acolhedora.
Daí que não compreenda a estranheza gerada, resultante dos últimos acontecimentos no novo estádio D. Afonso Henriques. Acontece que o antigo monarca, habituado à pacatez dos domingueiros pequeniques que perenigravam em frente à sua estátua, não gostou de ver o seu nome associado ao mundo conspurcado e atribulado do futebol.
Vai daí e não teve com meias medidas: fez o aviso no dia da sua inauguração, em que pela primeira vez desde que foi constituído o Condado Portucalense, o povo lusitano-à-beira-mar-plantado aplaudiu os nuestros hermanos, numa batalha (neste caso, futebolística) contra os nossos (neste caso, larilas) guerreiros. Foi muito mau o presságio.
À segunda, não esteve pelos ajustes, e em pleno relvado, desembainhou a espada e tombou um recem-convertido mouro, ao bom jeito da reconquista.
Não tendo feedback nas suas reclamações, à terceira foi o bom e o bonito, chapada para cima, cadeiras para baixo! E desde já vos digo: outras chagas vêm a caminho...
Não poderia ser melhor escolhido o berço de Portugal. Venha o Euro 2004. Não há hooligans que nos façam sombra.
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