A política continua a ser um exercício retórico fraquinho.
Os debates ganham-se ou perdem-se, os confrontos são verbais.
Os comentadores dizem coisas como: "primeiro-ministro esquiva-se bem da questão levantada pelo deputado ao referir....."; "a bancada do maior partido da oposição parece satisfeita com o resultado do confronto desta sexta-feira na Assembleia da Répública". Que é esta merda? Corridas de tunning?
Os politicos respondem a questões e acusações concretas com: "desculpe-me sra. deputada mas a sra. não tem legitimidade para me questionar..."; "...sr. Presidente da Assembleia confira-me o uso da palavra para defesa da honra deste grupo parlamentar".
Quer dizer, eles ofendem-se e defendem-se como se nós estivessemos a ouvi-los, a levá-los a sério e interessados.
Pois saibam, não estamos minimamente interessados nos vossos confrontos verbais de segunda, nem tão pouco vos reconhecemos características como brio e honestidade que mereçam a defesa da honra ou o poder de ofensa. Nós ao fim de 35 anos de democracia (está na hora de instalar o jogo completo, estamos fartos da demo) queremos mesmo é que vocês faltem ao parlamento todos os dias - e não só às sextas - que falem muito baixinho, (ou melhor, não falem, só assim conseguirão não mentir) e que vão ensinar essas técnicas de argumentação aos reclusos, eles agradecerão a vossa visita e possivelmente sentir-se-ão motivados pela vossa carreira socialmente aceite. Se vos sobrar tempo vão criar cães d'água que parecem ter uma apetência muito maior para a política. Por favor, façam o menor número de obras possíveis e guardem o dinheiro todo, só assim teremos a certeza que não estamos a ser roubados.
Como dizia o verdadeiro Sócrates: "Aquele que melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir". Ora caro Sócrates falso, devias ter tido isto em conta, já ninguém vai nas tuas tretas até porque: "Sábio é aquele que conhece os limites da sua própria ignorância", como dizia o verdadeiro, e tu não conheces.

Sermente (viver sem alternativas é como ser um objecto)