Conflito familiar à vista
Esta manhã, soube-me mesmo pela vida tomar o pequeno-almoço e comprar tabaco à custa do irmão da cara-metade. Passo a explicar. Este fim-de-semana houve reunião familiar, devido ao aniversário da minha pseudo-sogra, encontro que decorreu em casa da minha pseudo-cunhada, em Braga.
Após o almoço, fui com o irmão da cara-metade tomar café, a um tasco lá da aldeia. Acontece que o tasco tinha uma sala com bilhar, onde até se podia fumar e tudo. Fui desafiado para umas partidas, com a condição acrescida de haver algum dinheiro envolvido para apimentar o desafio. Acho que o rapaz, com 26 anos de idade, viajante de profissão, queria ganhar algum à minha custa. «1 euro por partida. Estás lixado que sou dos melhores jogadores lá da minha zona» avisou ele.
Nem jogava muito mal. Mas, pelos vistos, não há muitos bons jogadores na zona dele. O segredo do bilhar não é meter bolas. Essa é a fase 2 da aprendizagem, logo a seguir a aprender a pegar no taco. O segredo do jogo é colocar sempre a bola branca no sítio ideal, para preparar a jogada seguinte, seja ela nossa ou do adversário.
Esqueci-me de lhe contar que jogar bilhar é das poucas coisas que sei fazer bem, apesar de hoje em dia jogar apenas umas 2 ou 3 vezes por ano. Aprendi aos 15 anos, estávamos em 1991. Apaixonei-me pelo jogo e passava 10 a 12 horas por dia no salão de jogos do histórico Centro Comercial Stop. Era um cliente tão habitual que o Sr. Domingos, o zelador do salão, deixava-me as chaves dos bilhares e da gaveta das moedas quando ia almoçar. Obviamente, nesse ano, reprovei por faltas ainda antes do Natal. Esse 10º ano foi o único que reprovei. Mas aprendi a jogar bilhar. O meu pai nunca compreendeu os meus critérios de prioridade.
Relacionava efeitos e tabelas com a Teoria da Reflexão da Luz das antigas aulas de Física. Cheguei a participar num torneio, onde falsifiquei a cópia do BI, para ter a idade mínima de participação. No meio de 30 e tal homens, o puto conseguiu o terceiro lugar, perdendo apenas um jogo nas meias-finais. Claro que jogava bem melhor nesse tempo do que hoje (practice makes it perfect), mas alguma coisa fica, é como andar de bicicleta.
Conclusão: o irmão da cara-metade, que já andava meio teso, ficou sem mais 7 euros (resultado de 9-2). E o pingo e croissant desta manhã foram pagos com um sorriso nos lábios. Ainda que a cara-metade esteja chateada comigo por ter sido capaz de aceitar dinheiro do irmão dela.
Labels: Ética, Revivalismos
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