Wednesday, June 06, 2007

Parece-me que vai ser um bocadinho como fazer omoletes sem ovos

Nem de propósito. Depois da publicação do post anterior, eis que Poul Rasmussen, líder do Partido Socialista Europeu, que concerteza deve ter lido o Estado da Coisa, vem falar em flexissegurança.

Cauteloso, afirma que «não é possível pensar que amanhã Portugal será nº 1 em flexissegurança». Eu diria que nem depois de amanhã. Diz ele ainda que «acabaram os empregos para toda a vida e que, num futuro próximo, cada pessoa terá, em média, 15 empregos ao longo da sua vida activa». Fiquei descansado. Eu, que tenho 10 anos de experiência nesta área, já vou no 6º projecto, pelo que estou bem lançado.
Adiante. Concordo com a teoria subjacente ao modelo de gestão. De facto, quer se goste ou não, a globalização está aí e é inevitável para uma grande parte dos negócios. E um modelo de gestão de pessoas mais flexível, que possa responder com sucesso à adaptação à mudança constante, que a globalização provoca, digamos, que dá algum jeito.
A parte da flexibilidade parece-me pacífica: contratar e despedir livremente, ajustar cargas horárias às necessidades, banalidade no pluriemprego. Compro a ideia. Obriga as pessoas a desenvolver cada vez mais as suas competências e a quererem-se apetecíveis para o mercado. Torna-nos melhores e mais competitivos. Ler post anterior.
Agora a parte da segurança social ainda me cria alguma confusão. Não é apenas o proletariado que tem de se adaptar à mudança. Quanto tempo levará a mudar comportamentos dos nossos empresários? Comportamentos que são reflexos de valores e crenças de lenta mudança, em especial no empresário acima dos 40 anos com o ensino básico.
Mas ainda me intriga mais o papel do Estado. Na parte da segurança, é suposto o Estado apoiar, criando condições para o aumento dos empregos e garantindo rendimento aos temporariamente desempregados neste mundo flexível. Sou o único que estou a ver uma lógica contra natura nesta política de controlo orçamental? IVA e IRC a subir, medidas de protecção ao desemprego a descer?

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