Diário de (mais) um casamento
Cheguei à Igreja com 40 minutos de atraso, na esperança de não levar com a cerimónia religiosa toda. Ainda não tinha começado.
Ainda bem que não perdi a cerimónia. Por 4 vezes, o Padre confundiu o nome da noiva com o nome da madrinha: «Estamos presentes para celebrar o amor do Reinaldo e da Sandra (seria Rosália)». Enquanto a assistência sussurrava a sua vergonha e indignação, eu sujei o fato de muco nasal de tanto tentar segurar o riso. A parte engraçada de tudo isto, é que a madrinha e o noivo tiveram, num passado mais ou menos longínquo, uma paixão mal resolvida. Talvez por isso, nem toda a gente achou piada quando eu, no fim da cerimónia, numa de fazer conversa social enquanto se aguardava a saída dos noivos e fotos da praxe, digo à madrinha: «Então o Padre queria mesmo casar-vos à força, ah?».
Para me ambientar no meio dos 300 convidados, dos quais só conhecia vagamente uns 15 (incluíndo os noivos), entreguei-me ao álcool na boda. Gin tónico, martini, vinho branco, vinho tinto, vinho do Porto, whisky, muito whisky e cerveja. Não bebi espumante porque ainda tinha de conduzir para casa e não queria ficar bêbado. Na despedida, voltei a piscar um olho cúmplice à madrinha, que me parecia pensativa.
Na viagem para casa, passei por 2 operações STOP. Preparei mentalmente os pulsos para as algemas, mas que eu me apercebesse ninguém me mandou parar. Chegado a casa, fitei a sanita e, durante vagos segundos, fiquei na dúvida se havia, primeiro, de me sentar ou ajoelhar.
«Estranho quando dou por mim num mundo bizarro, e mais ainda quando lá o mais bizarro do mundo sou eu»
<< Home