O Estado da Segurança Social
Este é já um tema recorrente do passado deste blog. Acontece é que hoje, mais uma vez, acordei tipo mulher ressabiada. Vejo, na SIC Notícias, um ministro dizer «o futuro da Segurança Social está comprometido já daqui a 10 anos» com um ar o mais impotente possível. De seguida, um fórum subordinado ao tema «O que está disposto a fazer para salvar a Segurança Social?». Ora, se um gajo já acorda ressabiado, pior fica. Parece mesmo gozar com a nossa cara de palhaços.
Sempre defendi que o problema de fundo de Portugal, a causa do facto do Estado não ter dinheiro, era a evasão fiscal, os subsídios sociais indevidos e a economia paralela. Para além do fenómeno mágico de existirem tantos políticos incompetentes provenientes e seleccionados de uma sociedade com tanta gente competente.
Leio hoje na Focus que apenas 46% do número de operários que declararam, no último Recenseamento Geral da População, trabalhar na construção civil , estão inscritos na Segurança Social.
Agora façamos contas: imaginemos apenas 10 000 trolhas. Apenas 4600 fazem os devidos descontos. Os outros 5400 não. Agora imaginemos um salário médio de 500 euros. Portanto: 5400 trabalhadores * 500 euros * 34,75 % de contribuições sociais (empresa + colaborador) * 14 meses de 2005. Portanto... 13.135.500,00 euros. Se tivermos em conta que metade desses trabalhadores, não estando inscritos como contribuintes, estarão certamente indevidamente como beneficiários, auferindo Subsídios de Desemprego e Rendimentos Mínimos, em média, de... vá lá... 300 euros mensais, isso dá... 2700 trabalhadores * 300 euros * 12 meses = 9.720.000,00 euros.
Ou seja, num ínfimo exemplo, arranjavam-se anualmente mais 22.855.500 euros para os cofres da Segurança Social. Porque não pegar em 100 ou 200 funcionários públicos (de entre as carradas que não fazem nenhum) dar-lhes formação e pô-los como inspectores no terreno, a justificar o salário e fazerem algo útil pelo Estado?
<< Home