O Estado da Nação, do Benfiquismo e da Rendição
Não resisto em partilhar este texto originalmente escrito em árabe que encontrei num balde do lixo, juntamente com uma cassete vídeo que continha umas passagens do Corão:
«Depois de ver o Porto jogar, cilindrando o Manchester, tive pena de não ser do FC Porto. Infelizmente, sou do Benfica, o que cada vez mais me soa a defeito e a falta de inteligência. O pior é que estas coisas não se escolhem. Se Portugal fosse um bocadinho como a equipa do Porto, se não tivesse medo da concorrência, se corresse durante os 90 minutos que dura o jogo, se acabasse esgotado, tendo ganho ou não, se assumisse a derrota como uma falha e não como um erro do árbitro, das condições climatéricas e da relva. Se Portugal fosse um bocabinho assim, como são os do Porto, isto seria melhor. O problema é que Portugal é um país absolutamente benfiquista (por alguma razão somos 6 milhões) e para um benfiquista é pouco importante ganhar. O que é importante é ser do glorioso, ou pelo menos parecer. Um benfiquista é alguém que vive da aparência e da opulência de um passado cada vez mais longínquo, em que a lenda se confunde com a realidade, substituindo-a gradualmente. Os portistas vivem do presente. Vivem da vitória. A coisa é de tal forma que quando jogam com clubes portugueses eles já perdem metade do gozo e jogam a meio gás. O Portugal do Porto é melhor que o Portugal do Benfica, do Sporting ou dos emigrantes em Itália, Espanha e Inglaterra, cheios de madeixas no cabelo e tiques de pop-star de boys bands fugazes. Os do Porto, que infelizmente não são os meus, trabalham, correm e choram. Os meus, que são os outros, não. Fazem outras coisas. Nunca ganham é nada.»
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