O Estado da Nação
Há dias, Bill Gates visitou o nosso país e foi condecorado pelo Presidente da República. Logo aí, senti que algo estava errado. Enquanto era badalada a notícia da presença do benemérito, pus-me logo a pensar que quando um tubarão do oceano globalizante e capitalista visita um país com ar paternalista, é porque esse país está na miséria. É porque tem uma economia de rastos, leis laborais ideais, uma força de trabalho em potência e um alto e útil desemprego, para que daí floresça um belo negócio. Portugal é, nem mais, a China da Europa.
Ontem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado onde considera que os famosos cartoons «ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos e incitam a uma inaceitável guerra de religiões». Pior que o estado da economia, é concluir que este país está geograficamente desenquadrado. É que é mesmo bom morar na Europa! Numa Europa da liberdade de expressão e do tolerante liberalismo. Onde se permite, como em Londres, manifestações de muçulmanos a queimar bandeiras europeias e a exibir cartazes prometendo «Morte à Europa». Mas em Portugal, os cartoons são «lamentáveis».
A cada dia que passa, mais me sinto um exilado em terra própria. Que mais esperar de um país fundado por um gajo que batia na mãe?
<< Home